
Uma Rosa Nascera!
Nasce rosa das ruínas?Essa é a história de uma rosa, que não sabe que é uma rosa. Tenho amor doído por ela. Essa dor desse amor me faz lamentar por uma linda senhora. Escrevo sobre Dinorá.
Dinorá é uma bela senhora que me fez ou faz conhecer o mundo através das asperezas das suas palavras e do nada que ela preenche o seu tempo.
O mundo que ela me mostrava era sem cor, me assustei a vida toda. Ela guarda um mundo triste dentro dela, mesmo com a beleza da sua alma de jardim. Lamento por Dinorá. A dor vinha das cores que ela não optava em pintar a sua vida, mesmo com toda tinta colorida que ela guardava dentro dela, eu via, eu sentia. Foi por acreditar no nascimento dessa rosa a vida toda, que Dinorá floresceu em mim.
A rosa, Dinorá, tem por volta dos seus 61 anos. A vida dela é feita pela espera de algo.
Algo que movimentasse aquele vácuo sem cor.
A vida dela era assim;
Reclamar, vazio, asperezas, brigas e palavras de rancor.... Doía em mim.
Ela tinha uma agendinha pequenina que anotava tudo o que sucedia nas sucessões da sua longa estrada. A agendinha de Dinorá era de 1945, tempo que eu nem imaginava a vida na terra. A sua agendinha era toda cheia de rabiscos, anotações e páginas faltando. As páginas que faltavam, ela me contou que havia rasgado, ela preferiu apagar da sua vida, desgosto. Acredito que deva ter sido maior que a tristeza as páginas destacadas da agendinha. Ela dizia: “Era história que não tinha existido na vida”. Mas se não havia existido porque ela repetia tanto ao falar de algumas coisas? O que não existe a gente nem lembra, minha linda rosa Dinorá.
Os acontecimentos podem acontecer (Redundante) por enganos de caminhos tortos.... Mas a gente só ver depois.... Falei a Dinora que toda história, sendo triste ou alegre, é a história das nossas vidas, temos que ter orgulho... Mas ela não queria acreditar. Apagou da agendinha e não quis mais “recordar”. Não sei o que aconteceu de fato, nunca perguntei.
Dinorá era divertida aos meus olhos. Ela tinha hábitos incríveis... Preencher o seu nada.
Como ela fazia isso? Eis a minha admiração e espanto:
Começarei a descrever os seus lindos hábitos.
Acordava ás 11: 30 ou 12:00, tarde, final do dia... Acordava tarde porque ela tomava uns remédios que a fazia adormecer... Ela me dizia, quanto mais ela dormisse menos via o dia.
O dia sendo tão belo Dinora!Eu poderia te levar para campos floridos, poderia te levar para navegar, poderia te ensinar como se brinca com a vida de forma saudável....
Quando ela acordava tinha sempre alguns afazeres, já escritos (rabiscos confusos) em sua agendinha.
23 de janeiro:
1- Acordar e esperar.
Isso era o que estava escrito nessa página da agenda. Esperar o que minha velha amiga?
A continuação da agenda.
23 de janeiro
2- Horários marcados para esperar. (de uma em uma hora)
Ela me dizia: “eu acordo e fico aguardando a hora de eu dormir novamente. De uma em uma hora, o tempo vai passando e quando chega ás 00h00min vou dormir”. Que lindo e triste, minha Rosa....
Tarde, tão tarde.... Mas o sono só vinha muito tarde, talvez, fosse à ânsia de ele chegar.
24 de janeiro:
1- Pegar ônibus ás 13h00min.
Qual ônibus, minha Flor?
Ela me dizia: “qualquer um”. Ela pegava o seu transporte, esse era um dos seus hábitos favoritos, rodava a cidade. O motorista perguntava: vai sair onde? Ela sorria com infelicidade e desdém. Ou às vezes respondia: Querido eu tenho 61 anos, já sofri muito, tenho muitos problemas, e você não tem nada.
Mas, quando ela me contava, eu triste retrucava para ela: “Mas todos nos temos problemas, ninguém é vítima... O nome problema, para mim é solução”.
Ela com aspereza me respondia: “você não sabe de nada, não tem do que se preocupar.
Puxa, meu amor doía. Eu só queria vê-la sorrir.
25 de Janeiro:
1- ir no /dentista/neurologista/ ginecologista....
Ela marcava milhões de médicos em um só dia. Ela adorava se arrumar para ir aos médicos. Eu ficava feliz nesse dia, porque ela criava uma ânsia tão grande de conhecer o médico e saber o resultado tão esperado. Todas as vezes que ela voltava de uma consulta, conversávamos e ela dizia:
“Esse médico é uma porcaria, não descobriu nada em mim”.
Eu agradecia pela saúde dela. Ela lamentava por sua saúde.
Eu mais uma vez retrucava:
“Que coisa maravilhosa você não tem nada de doenças, é saudável e linda”.
Com palavras amargas ela respondia:
“Porque não é você que esta sentindo um sufocamento, porque não é você que fica com as mãos tremulas na hora de comer, porque não é você que fica com o corpo suando frio..”.
Eu ás vezes, por hora, sentia uma raiva grande dela.... Mas depois passava.
O peso de Dinorá eu via, mas, não ficava em mim, só doía por ela não perceber as cores dela.
26 de Janeiro:
1- Ligar para Telemar, sky, plano de Saúde....
Esse era a parte mais azucrinante. Eu ficava um pouco irritadiça. Ela brigava com todos, reclamava, usava argumentos sem lógica.... Eu não tirava a razão dela, pela falta de compromisso dessas empresas, mas.... As palavras arrogantes geram palavras de desamor, meu amor.
Dinorá ameaçava a outra pessoa do outro lado dizendo:
“Minha querida sou de uma família muito conhecida....”
A família de Dinorá era realmente conhecida, muito dinheiro, mas, isso não foi o que trouxe felicidade para a sua vida.
Felicidade é paz interior, é dar cor ao que a gente tem.
Ela não entendia.
A vida sucedia assim para a Rosa.... 61 anos. Tão bonita. Olhos de uma imensidão perdida.... Olhos de bondade, mesmo com as sua palavras rudes.... Eu tinha esperança e tenho no florescimento de Dinorá.
Dinorá doía em mim... Mas a sua ruína, a sua dor, a cada vez que eu a olhava, nascia rosa dentro de mim, era rosa Dinorá...
Eu poderia chamá-la de Mãe?
Eu a queria para a vida eterna sempre, eu as vezes vomitava rosas de Dinorá dentro de Mim, porque foi Dinorá que eu quis para mim, antes no mistério do sem fim, lá nos campos de morango, minha linda rosa florida.
Posso te chamar de mãe em todas as vidas, se é que existem outras vidas, Minha Rosa?
Segurarei a sua mão sempre, te mostrarei sempre as cores que eu vejo no seu coração, te lembrarei sempre das rosas...Um dia elas saem vida minha, minha Dinora de dentro de você....Viajarei sempre com você reclamando, retrucando, perturbando...E eu te sorrindo, te compreendendo dentro de mim. Posso te chamar a vida inteira de mãe....Minha Rosa.
Nasce rosa das ruínas?Essa é a história de uma rosa, que não sabe que é uma rosa. Tenho amor doído por ela. Essa dor desse amor me faz lamentar por uma linda senhora. Escrevo sobre Dinorá.
Dinorá é uma bela senhora que me fez ou faz conhecer o mundo através das asperezas das suas palavras e do nada que ela preenche o seu tempo.
O mundo que ela me mostrava era sem cor, me assustei a vida toda. Ela guarda um mundo triste dentro dela, mesmo com a beleza da sua alma de jardim. Lamento por Dinorá. A dor vinha das cores que ela não optava em pintar a sua vida, mesmo com toda tinta colorida que ela guardava dentro dela, eu via, eu sentia. Foi por acreditar no nascimento dessa rosa a vida toda, que Dinorá floresceu em mim.
A rosa, Dinorá, tem por volta dos seus 61 anos. A vida dela é feita pela espera de algo.
Algo que movimentasse aquele vácuo sem cor.
A vida dela era assim;
Reclamar, vazio, asperezas, brigas e palavras de rancor.... Doía em mim.
Ela tinha uma agendinha pequenina que anotava tudo o que sucedia nas sucessões da sua longa estrada. A agendinha de Dinorá era de 1945, tempo que eu nem imaginava a vida na terra. A sua agendinha era toda cheia de rabiscos, anotações e páginas faltando. As páginas que faltavam, ela me contou que havia rasgado, ela preferiu apagar da sua vida, desgosto. Acredito que deva ter sido maior que a tristeza as páginas destacadas da agendinha. Ela dizia: “Era história que não tinha existido na vida”. Mas se não havia existido porque ela repetia tanto ao falar de algumas coisas? O que não existe a gente nem lembra, minha linda rosa Dinorá.
Os acontecimentos podem acontecer (Redundante) por enganos de caminhos tortos.... Mas a gente só ver depois.... Falei a Dinora que toda história, sendo triste ou alegre, é a história das nossas vidas, temos que ter orgulho... Mas ela não queria acreditar. Apagou da agendinha e não quis mais “recordar”. Não sei o que aconteceu de fato, nunca perguntei.
Dinorá era divertida aos meus olhos. Ela tinha hábitos incríveis... Preencher o seu nada.
Como ela fazia isso? Eis a minha admiração e espanto:
Começarei a descrever os seus lindos hábitos.
Acordava ás 11: 30 ou 12:00, tarde, final do dia... Acordava tarde porque ela tomava uns remédios que a fazia adormecer... Ela me dizia, quanto mais ela dormisse menos via o dia.
O dia sendo tão belo Dinora!Eu poderia te levar para campos floridos, poderia te levar para navegar, poderia te ensinar como se brinca com a vida de forma saudável....
Quando ela acordava tinha sempre alguns afazeres, já escritos (rabiscos confusos) em sua agendinha.
23 de janeiro:
1- Acordar e esperar.
Isso era o que estava escrito nessa página da agenda. Esperar o que minha velha amiga?
A continuação da agenda.
23 de janeiro
2- Horários marcados para esperar. (de uma em uma hora)
Ela me dizia: “eu acordo e fico aguardando a hora de eu dormir novamente. De uma em uma hora, o tempo vai passando e quando chega ás 00h00min vou dormir”. Que lindo e triste, minha Rosa....
Tarde, tão tarde.... Mas o sono só vinha muito tarde, talvez, fosse à ânsia de ele chegar.
24 de janeiro:
1- Pegar ônibus ás 13h00min.
Qual ônibus, minha Flor?
Ela me dizia: “qualquer um”. Ela pegava o seu transporte, esse era um dos seus hábitos favoritos, rodava a cidade. O motorista perguntava: vai sair onde? Ela sorria com infelicidade e desdém. Ou às vezes respondia: Querido eu tenho 61 anos, já sofri muito, tenho muitos problemas, e você não tem nada.
Mas, quando ela me contava, eu triste retrucava para ela: “Mas todos nos temos problemas, ninguém é vítima... O nome problema, para mim é solução”.
Ela com aspereza me respondia: “você não sabe de nada, não tem do que se preocupar.
Puxa, meu amor doía. Eu só queria vê-la sorrir.
25 de Janeiro:
1- ir no /dentista/neurologista/ ginecologista....
Ela marcava milhões de médicos em um só dia. Ela adorava se arrumar para ir aos médicos. Eu ficava feliz nesse dia, porque ela criava uma ânsia tão grande de conhecer o médico e saber o resultado tão esperado. Todas as vezes que ela voltava de uma consulta, conversávamos e ela dizia:
“Esse médico é uma porcaria, não descobriu nada em mim”.
Eu agradecia pela saúde dela. Ela lamentava por sua saúde.
Eu mais uma vez retrucava:
“Que coisa maravilhosa você não tem nada de doenças, é saudável e linda”.
Com palavras amargas ela respondia:
“Porque não é você que esta sentindo um sufocamento, porque não é você que fica com as mãos tremulas na hora de comer, porque não é você que fica com o corpo suando frio..”.
Eu ás vezes, por hora, sentia uma raiva grande dela.... Mas depois passava.
O peso de Dinorá eu via, mas, não ficava em mim, só doía por ela não perceber as cores dela.
26 de Janeiro:
1- Ligar para Telemar, sky, plano de Saúde....
Esse era a parte mais azucrinante. Eu ficava um pouco irritadiça. Ela brigava com todos, reclamava, usava argumentos sem lógica.... Eu não tirava a razão dela, pela falta de compromisso dessas empresas, mas.... As palavras arrogantes geram palavras de desamor, meu amor.
Dinorá ameaçava a outra pessoa do outro lado dizendo:
“Minha querida sou de uma família muito conhecida....”
A família de Dinorá era realmente conhecida, muito dinheiro, mas, isso não foi o que trouxe felicidade para a sua vida.
Felicidade é paz interior, é dar cor ao que a gente tem.
Ela não entendia.
A vida sucedia assim para a Rosa.... 61 anos. Tão bonita. Olhos de uma imensidão perdida.... Olhos de bondade, mesmo com as sua palavras rudes.... Eu tinha esperança e tenho no florescimento de Dinorá.
Dinorá doía em mim... Mas a sua ruína, a sua dor, a cada vez que eu a olhava, nascia rosa dentro de mim, era rosa Dinorá...
Eu poderia chamá-la de Mãe?
Eu a queria para a vida eterna sempre, eu as vezes vomitava rosas de Dinorá dentro de Mim, porque foi Dinorá que eu quis para mim, antes no mistério do sem fim, lá nos campos de morango, minha linda rosa florida.
Posso te chamar de mãe em todas as vidas, se é que existem outras vidas, Minha Rosa?
Segurarei a sua mão sempre, te mostrarei sempre as cores que eu vejo no seu coração, te lembrarei sempre das rosas...Um dia elas saem vida minha, minha Dinora de dentro de você....Viajarei sempre com você reclamando, retrucando, perturbando...E eu te sorrindo, te compreendendo dentro de mim. Posso te chamar a vida inteira de mãe....Minha Rosa.
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