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terça-feira, 10 de março de 2009

A Moça Esquecida


A Moça Esquecida

A Santa coberta por um véu começou a chorar. Escorria sangue dos seus olhos, eram lágrimas abatidas de enlevo.
O anjo arrebatado pairou sob a escuridão e ficou a observando a moça deitada no canto do logradouro. Aproximou-se e sussurrou com hálito candente no ouvido da mulher provocando a perturbação do isolamento.
Encontrava-se perdida pelas ruas da cidade. Ela repartia sua moradia com pedaços de carniça a sua volta. Os animais que moravam na sua mesma condição, vez ou outra, iam alimentar-se dos restos das carniças que rondavam o seu corpo esquecido. Era quase um cadáver de tão esquálida.
Seu corpo apático e bruto ignorava o purgatório. Não reagia a aflição.
Naquela noite porque era domingo sua carne brandiu, seus restos mortais ainda estavam intensos. Uma ventania desmantelava a sua penugem. Provou o frescor afagando a volúpia. Porque era domingo e domingo era dia do vento gritar seu nome: “Domingas” sentiu o arrebatamento do ar invadindo sua vulva. O anjo com hálito quente começou a enfiar sua língua molhada no ouvido da moça perdida. Ela ensopou. Sua boca entreabriu, começando a espumar. Aquela ocorrência era uma espécie de convulsão deleitosa. O anjo começou a tocá-la vagarosamente acalorando todas as suas partes. Seus pelos arrepiavam excitados. Virou-se de bruços, oferecendo seu ânus. Os animais que rondavam a escuridão dos cantos da cidade pararam espantados com tamanho estupor. Maravilharam-se. Os bichos uivavam, miavam e latiam. Os seus sexos dilataram. O anjo atiçado abriu suas asas e pôs-se a entranhar profundo no traseiro da moça. Ela começou a gritar freneticamente: “Eu sou filha do pai, ah se eu soubesse!”
Os bichos que circulavam próximo a mulher aproximaram-se porque sentiram o cheiro forte que alastrava a carniça que os alimentavam. Mas naquele dia era carniça suculenta. Ah tempos Domingas não banhava sua vulva. Exalava um perfume forte que amimavam os animalejos. Ferozmente começaram a atracar-se disputando a carniça. A moça deleitou-se agonizando. O anjo tentou defendê-la dos bichos mas, um cão ferino destroçou com ligeireza decepando os membros do anjo. Ele desabou endurecido no chão. A moça entrou num transe, era somente ela e o seu corpo. Fremia. Sentiu o seu corpo pela primeira vez porque era Domingo e domingo era o dia do seu nome. Ela gozou expurgando todo xixi guardado. Os cachorros animados balançavam seus rabos lambendo o mijo e penetrando Domingas. Porque era domingo, arreganhou a boca escancarando apenas um dente, gargalhando espantada de contentamento. E sem saber a quem gritar, agradeceu o seu regozijo a atmosfera ocasionando uma trepidação em seu espaço: “Domingas”. Do buraco causado pelo tremor uma santa saiu coberta por um véu chorando lágrimas de sangue. A santa aproximou-se da cena e carregou o anjo. A mulher perdida entorpeceu extasiada naquele momento. O anjo acordou abrindo suas asas enormes e voou carregando a santa em seu colo. Lá no alto voltaram seus olhos para Domingas, enfeitiçados soltaram um ar de néctar ditoso e a abençoaram a moça esquecida.

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