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quarta-feira, 11 de março de 2009

Olhos Vazios

Olhos vazios

Seios firmes. Sangue zumbindo. Polpa entreaberta. Paralisava o meu corpo, extasiada de olhar vazio.
O calor dos corpos abrasa o meu sexo. O sangue coagula fervendo. Queimo. Meu íntimo lateja com brutalidade fálica de uma mulher febril. Vontade de colocar o imundo quente esporrado entre minhas pernas. Meu sexo grita furioso. Rastejo. Respiro buscando fôlego. Meus olhos reviram engolindo corpos acesos.
Ele tinha um ar sonso. Seu corpo descomposto espreguiçava sensualidade. Ondas preguiçosas. O mar estava manso. O suor escorria pelo rosto do menino desvalido. Pessoas esparsas vagavam na imensidão da areia branca. O brilho do sol insuportável fazia inflamar o meu desejo.
Aquele corpo exalava uma fragrância que dava pena respirar. Cheiro de promessa desastrosa. Estonteada pela provocação sexual que o menino espalhava, incendiei em chamas.
O ar estava cada vez mais agitado, misturando-se ao calor interior do meu corpo febril. O menino desvalido com short velho molhado de sal, sem perceber, mostrava a vibração enrijecida dos seus músculos distendidos. Tinha o olhar triste. Parecia aspirar o nada. Esse vazio e esse nada transmitidos pelo seu olhar distante enfureciam-me.
Meu pensamento ventilava seu corpo.
O menino vazio não saía da mesma posição. Corpo de costas para o mar, membros apontados penetrando a boca do céu. Eu, parada, convulsionava, querendo aquele corpo dentro de mim.
Um sopro obscuro uivava forte em meus pensamentos. Gritava minha consciência libertadora: “A bondade estagna a ação”. Agonizava.
Foi então que, enlouquecida por pensamentos anuviados, arranquei os pedaços de pano que cobriam o meu corpo e senti a liberdade infantil grotesca refrescando minha carne.
O meu sexo gritava. Tremia minha carne. Corri até o menino de olhos vazios, ele olhou-me e apenas disse: “Estou com frio”. Só deu tempo de ouvir essas ultimas palavras, porque naquela imensidão de areia e mar quente, o frio existe.
Por instinto cruel, devorei-o. Com uma pedrada na cabeça, seu sangue escorreu repartindo os olhos vazios. Ejaculei feliz.
Então, cheia de menino vazio, chorei feliz, voltando para casa. E o mar preguiçoso caiu em sonolência.

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